quarta-feira, outubro 05, 2011

E o mundo velho acabou...

Aninha Franco

O mundo velho, aquele que se foi de velhice antes de acabar, acorda cedo e tem medo de morrer. Nós, os que nascemos, criamos, ganhamos, perdemos, fomos felizes ou infelizes nele, cansamos dele e vivemos espantados com o mundo novo que desconhecemos. Ainda. Mundo que se desconfia. Confiável. O mundo velho tem hábitos vergonhosos nas políticas e dos políticos. O novo tem nojo. O mundo velho burocratiza. O novo pirateia. O mundo velho totalitarizou; o novo libertará. O mundo velho tem estações. O novo terá horários de verão, de inverno, de primavera e de outono. O mundo velho desmata, o novo refloresta.

No mundo velho, Lula lá. No novo, Dilma Rousseff. O mundo velho toma chá na academia; o novo feicebuqueia. O mundo velho conta mortos; o novo reorientará a civilização. O mundo velho guarda dinheiro; o novo gasta. O mundo velho astronômico; o novo gastronômico. O mundo velho inventou Brasília e a sua umidade do ar; o mundo novo saboreia suas araucárias. O mundo velho fez música; o mundo novo fará teatro. O mundo velho fez rock in Rio; o novo contesta Einstein. O mundo velho convive com a miséria; o novo quer transparência para asfixiá-la. O mundo velho cria partidos; o novo derruba ministros. O mundo velho aumenta o IPI dos carros importados; o novo quer metrô. O mundo velho chora a morte dos seus ismos; o novo não vai ao enterro porque sabe que os mortos enterram seus mortos.

O mundo velho é amor e sexo. O novo é sexo e amor. O mundo velho, intuição; o novo, conhecimento. O mundo velho, gêneros; o novo, eficiências. O mundo velho explorou a Bolívia até ontem, o novo fez do Google mais valioso do que o PIB da Bolívia. O mundo velho e o mundo novo se perguntam sem respostas: e a educação brasileira? O mundo velho é moda, o novo é figurino. O mundo velho era de poucos, o novo é de quem o queira. O mundo velho é analógico, o novo, por enquanto, é digital. O mundo velho sofre nas filas do SUS. O novo passa ketchup no horizonte e simula um juízo final em cada pôr-do-sol.

Um comentário:

Milton Vasconcellos disse...

Em nossa realidade, poderia falar: mo nundo velho prova de Tributário, no mundo novo exame da OAB. no mundo velho aulas de Tributário inesquecíveis, no mundo novo audiências e decisões igualmente inesquecíveis, enfim, no mundo velho a FABAC, no mundo novo o mundo!

..e a certeza: de que o velho mundo não acaba nunca!