quinta-feira, agosto 12, 2010

Olhem a notícia sobre a LDO, tema das atuais aulas de Financeiro (mandem seus comentários):


Relatório mostra que próximo presidente terá liberdade para definir obras



Brasília - Mesmo com o encargo de administrar um orçamento aprovado ainda no governo Lula, o próximo presidente que toma possa em 1º de janeiro de 2011 terá praticamente total liberdade para definir que projetos e obras constarão no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). A avaliação faz parte de uma análise preliminar da Consultoria de Orçamento do Senado dos 29 vetos presidenciais ao texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), aprovada pelo Congresso, e outros 603 dispositivos ao Anexo de Metas e Prioridades.

Na próxima semana, a consultoria deve divulgar uma nota técnica detalhada sobre os reflexos dos vetos. Essa flexibilidade na administração do PAC deve-se ao fato de, segundo os consultores do Senado, com os vetos, o Artigo 4º da lei manter apenas o conceito de que as ações do PAC serão prioritárias.

“Podemos concluir que o próximo governo terá ampla discricionariedade para chancelar o que é e o que não é PAC. A ausência de especificação das ações do PAC no Anexo de Metas e Prioridades, devido ao veto presidencial, proporciona ao próximo governo definir as ações que devem ser carimbadas com a expressão PAC”, informa o texto da avaliação preliminar dos consultores de orçamento.

Cabe lembrar que ao encaminhar o projeto de lei ao Congresso, no primeiro semestre, o Executivo não elaborou esse anexo de metas. O anexo foi feito pelos senadores e deputados da Comissão Mista de Orçamento a partir de emendas parlamentares acatadas pelo relator Tião Viana (PT-AC).

Na análise, os técnicos destacam que o governo desconsiderou a maior parte das emendas coletivas aprovadas pelo Congresso. O argumento para os vetos foi de que nem sempre é possível incluir no orçamento todas as ações relacionadas como metas e prioridades. Na justificativa, o governo afirmou ainda que, ao abordar novas ações no anexo, os parlamentares não observaram a possibilidade de financiamento.

Assim, os consultores consideram improcedentes os argumentos governamentais. Eles se respaldam no Artigo 4º que “solicita apenas que o Poder Executivo justifique o atendimento de outras despesas em detrimento das aprovadas no Anexo de Metas e Prioridades”.

Outro ponto destacado pelos técnicos do Senado diz respeito a um novo dispositivo para a criação das Zonas de Processamento de Exportação (ZPE). A proposta aprovada pelo legislativo previa como prioritárias as ações referentes ao apoio à infraestrutura das áreas externas de ZPEs, envolvendo a instalação de vias de transporte para acesso, fornecimento de água e luz, provimento de saneamento básico e de rede de fibras óticas.

O Poder Executivo vetou a sugestão por considerar que infraestrutura das áreas externas das ZPEs é de competência dos proponentes, sendo a comprovação de disponibilidade financeira, de infraestrutura e de serviços, requisito para a aprovação do projeto e, consequentemente, à sua criação.

Para os técnicos do Senado, o argumento não procede. “A menos que não se tenha vontade política, nada impediria que o governo federal considerasse como prioritários os investimentos em ações de apoio às áreas de acessos externas às ZPEs, e atuasse em parceria com seus proponentes, mesmo porque o governo federal tem sido um dos entes federativos mais interessados em aumentar o volume de exportação do país”, informa o documento preliminar.

Os consultores avaliam, também, que essas ações passam a ser prioritárias pelo fato de as ZPEs serem instaladas, em grande parte, em regiões menos favorecidas economicamente e onde estados e municípios não dispõem de recursos fiscais suficientes para a completa instalação das áreas.

Outro veto “discutível” na avaliação dos técnicos é o que disciplinava que os crescimento percentual dos investimentos públicos fosse maior que o crescimento das despesas correntes discricionárias. Esse mecanismo, segundo o texto, “visa a inibir o aumento desnecessário dos gastos com a manutenção da máquina pública”.

A justificativa do Executivo para esse veto é que a medida “merece avaliação cuja complexidade não pode se reduzir à comparação entre os níveis de gastos correntes e de investimentos”.


FONTE: A TARDE

Um comentário:

Milton Vasconcellos disse...

Vivemos em estrutura federalista, e creio que tal "liberdade de gestão", seja concebida para viabilizar esta forma: atuação harmönica entre estes representantes do poder (Presidência, Congresso e Estados, Municípios e União).

Porém, muito engraçado este Governo Lula: ao tempo que criticavam veemente o que chamavam de neoliberalismo, defendem de forma cômoda a desvinculação das Receitas da União (DRU), independente do fim que se dê estes 20% dos recursos públicos. Logo... ao mesmo tempo que discordam e tentam vetar os investimentos para as Zonas de Processamento de Exportação (ZPE), defendem a cômoda desvinculação das receitas da união (DRU). Ou seja, quando a discricionariedade é causa para seu favorecimento mitiga-se as garantias orçamentárias e temos de aceitar que o valor relativo a DRU seja previsto no orçamento apenas de forma genérica, em mero porcentual...., mas quando as políticas públicas voltam-se para mitigar estas mesmas garantias orçamentárias para favor do particular, aí o Estado busca impedir, vetando as propostas, argumentando que isso é de competência dos proponentes...

Sabemos que nossa CF, em seu art. 3, I preconiza como um dos objetivos fundamentais da República a construção de uma sociedade livre, justa e solidária. Assim deixo a ponderação: será mesmo que investimentos em ações de apoio às áreas de acessos externas às ZPEs, favorecem apenas aos empresários deste setor ou seria algo de interesse do Estado tb haja vista os reflexos oblíquos que tal medida proporciona na construção de uma sociedade mais justa e livre?

Creio que para estes gestores, modernizar o Estado é ser neoliberal!!! Logo, prioritário para eles não deve ser criar infra-estrutura apta ao desenvolvimento, mas sim criar formas assistencialistas pra eternizar a dependência dos mais fracos a "esmola estatal"!!!!

E viva o Bolsa Familia!!!!rsssssss

E que não venha taxar estas ponderações de neoliberais, por Deus!!!!

P.S. - Aliás , se ser neoliberal é visar a modernização do Estado buscando opções viáveis de parceria com o particular sempre com o foco no objetivo disposto no art. 3, I, CF, eu tb sou neoliberal, doravante!